Ao longo das minhas diversas formações, venho me deparando com vários formatos de cursos e vivências, dos quais colho mais ou menos aprendizados.
Como facilitadora e professora, me preocupo muito em entregar algo que possa gerar mudança, especialmente comportamental. Muitas vezes, nas minhas aulas, eu olho para as pessoas e elas parecem estar em transe. Acho muito engraçado e gosto de perguntar se elas estão processando o aprendizado. Percebo as “fichas caindo” pela expressão que elas fazem. Isso é incrível e me enche de entusiasmo, porque significa que não estão somente recebendo informação, mas, através do conhecimento, estão tendo a possibilidade de modificarem pontos de vista, percepções, quem sabe se questionando como vem se comportando e como poderiam gerar resultados diferentes nas suas relações se experimentassem um outro modo de agir.
Aprendizado é sinônimo de comportamento adquirido. Se nada muda, é porque não aprendi. “O
aprendizado fácil não forma competências consolidadas” alerta Brené Brown.
Mary Slaughter e David Rock, do Instituto NeuroLeadership, chamam a atenção sobre o perigo dos aprendizados rápidos e divertidos nas organizações. Lembro de uma empresa que consultou meu trabalho dizendo que o tempo máximo de treinamento das equipes era de 1h30, para não prejudicar suas atividades. Fiquei pensando, como eu explico sobre comunicação não-violenta e empatia em 1h30, de modo que as pessoas assimilem algum conteúdo, pratiquem e levem isso para seu dia a dia?
O resultado é investimento financeiro e de tempo posto fora, porque a empresa finge que treinou, o colaborador finge que aprendeu, e nada acontece.
Slaughter e Rock dizem que para ser eficaz, a aprendizagem precisa exigir esforço. O cérebro precisa sentir algum desconforto quando está aprendendo, sua mente tem que doer por um tempo. Não significa que treinamentos leves não sejam eficazes. Depende do objetivo.
O educador americano Edgar Dale, em 1969, através de pesquisas realizadas, chegou a conclusão que o cérebro humano é capaz de lembrar de 10% do que leu, 20% do que ouviu, 30% do que viu, 50% do que viu e ouviu, 70% do que disse em uma conversa/debate e 90% do que vivenciou a partir de sua prática.
Aprender é trabalhoso, exige tempo, dedicação, investimento.
Em um ano participei de mais de 20 cursos, sendo dois de imersão e uma pós-graduação. Virei a louca do certificado, como eu gostava de dizer. Mas não era o certificado, e sim, a curiosidade sobre temas diferentes, sobre aprendizados para minha vida e minha carreira. “A curiosidade é um ato de vulnerabilidade e coragem”, diz Brené Brown. Estudos mostram que ela ajuda a reter mais informações.
Einsten dizia que devemos focar mais tempo no problema que na solução dele. Ter respostas rápidas faz com que nos livremos das situações difíceis, mas não necessariamente resolve, de fato, o problema. A curiosidade é um convite para saber mais, ouvir mais opiniões, conhecer mais a fundo, pesquisar e usar os conhecimentos adquiridos ao longo dos treinamentos.
Por isso, o investimento em formação das equipes é tão importante. Quanto mais contato tiverem com ideias, experiências e possibilidades diferentes, maior a chance de ficarem curiosas e irem mais a fundo. Não ficamos curiosos com algo que desconhecemos ou sobre o qual não sabemos nada. Por outro lado, quanto mais sabemos, mais queremos saber.
Estimule seus colaboradores a aprenderem, ofereçam treinamentos com propósito, proporcionem que as pessoas tenham mais conhecimento sobre si mesmas, seus comportamentos, soft skills, talentos, e a partir disso, possam construir relações interpessoais mais saudáveis, colaborativas, e, consequentemente, tragam resultado para a empresa a curto, médio e longo prazo.
Aprendizado é igual a academia: tem que voltar muitas vezes, tem que ter constância, tem que ter esforço, tem que queimar o músculo. É prazeroso? Nem sempre. Dá resultado? Com certeza.
As empresas que querem transformar seus líderes e liderados tem que levar em conta que isso é um processo, que exige investimento, planejamento e boas escolhas para dar resultado.
Sejam motivadores do desenvolvimento humano e criem equipes saudáveis, curiosas, interessadas e motivadas.
Vivian Laube
Diretora de LF Comunicação Integrada
Professora, palestrante e facilitadora de comunicação não violenta.
(51) 981260390
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